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Um bocejo ou todos contra Jordan Spieth
Crónica

O Masters deste ano conseguiu ser ainda mais aborrecido do que o de 2014

Pela segunda edição consecutiva, o último dia do Masters, e desculpem a expressão, foi uma “seca”. Desta vez foi ainda pior do que em 2014. O ano passado ainda houve alguma luta, nos primeiros 9 buracos, entre Bubba Watson e Jordan Spieth, antes de o primeiro descolar para uma segunda vitória tranquila no primeiro major do ano. 12 meses depois, ontem, Spieth mostrou ter aprendido com a lição e mostrou-se inalcançável nos 18 buracos decisivos. Nenhum dos seus oponentes se aproximou a menos de três pancadas. Ganhou Spieth, perdeu o golfe?

Este desempenho dominador e em passo recordista por parte do jovem texano de Dallas teve o condão de virar tudo e todos contra ele. Bom, pelo menos falo por mim. Assisti à última volta em família e a grande expectativa era que ele se “espetasse”. Não era querer o mal dele. Não nos importávamos que ele viesse a ganhar, apenas queríamos um pouco mais de emoção naquele que é um dos mais aguardados dias do ano no que ao golfe diz respeito. E, para isso, ele teria de ceder. E os outros teriam de brilhar.

Que maus fomos nós para ele. Nós e mais quantos outros adeptos da modalidade? Já no sábado, na terceira volta, tínhamos festejado o seu duplo bogey no 17, e vibrado com o birdie de Justin Rose, na mesma altura, no 18. É que assim, graças a este swing de três shots favorável ao inglês, seriam 4 e não 7 as pancadas de vantagem de Spieth sobre o seu mais directo oponente para a última volta. Ainda havia esperança que tudo não passasse de um passeio triunfal, que pudéssemos vibrar com a incógnita do desfecho. 

Mas foi em vão. Lá em casa, domingo, houve quem dissesse que se nada mudasse ao fim de 9 buracos, não veria mais, que não valia a pena continuar a perder tempo a assistir a um evento desportivo cujo campeão era conhecido de antemão. Nada mudou mas a esperança não morreu e, então, o novo timing passou para o fim do Amen Corner, entre os buracos 11 e 13 de Augusta National, que já tantos estragos causou. Também aqui nada se passou, Spieth não quebrava, mas também ninguém conseguia arredar pé da televisão.

No fundo, era impossível perder um momento histórico como este, que esteve para Jordan Spieth como o Masters de 1997 esteve para Tiger Woods. Curiosamente, não me lembro de ter torcido contra Woods nesse ano em que ele venceu com 12 de vantagem sobre a concorrência. O que ficou na memória foi uma exibição global do outro do mundo, a confirmação de que ele era, definitivamente, “o tal”. Provavelmente, será assim que guardaremos esta vitória de Spieth, com a lembrança do primeiro grande momento de mais um predestinado.

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Jornalista

 

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