Presidente eleito dos EUA acreditou nele, encorajou-o e deu-lhe meios financeiros

(No Trump National Bedminster, em 2006, após uma partida de golfe)

Donald Trump – Onde é que vais agora?

Jim Herman – Vou dar uma lição

Donald Trump – Tens de tentar [a competição]. Tens uma grande probabilidade de ser qualquer coisa de especial. 

Se Jim Herman tivesse vencido no passado domingo o SBS Tournament of Champions, o Torneio dos Campeões do PGA Tour, que decorreu no The Plantation Course at Kapalua, na ilha de Maui, Havai, era quase certo que o presidente eleito dos Estados Unidos se manifestasse sobre o assunto. Afinal, foi Donald Trump que lhe salvou a carreira de jogador profissional de golfe, acreditando nele e dando-lhe as condições financeiras para continuar a tentar. 

Quando Jim Herman venceu o Shell Houston Open no início de Abril do ano passado, para o seu primeiro título no PGA Tour em 105 torneios, Trump deu na segunda-feira uma entrevista telefónica à Associated Press. Na altura ainda era “só” o mais bem colocado à nomeação dos republicanos para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, e brincou dizendo que Jim Herman poderia ser considerado para um posto ao nível do seu Gabinete numa nova administração Trump. 

“É esse o carácter – o tipo de carácter – que queremos. Alguém que consiga suportar a pressão”, justificou, a rir. Mas falou sério para sublinhar: “Estou muito contente e orgulhoso por tê-lo ajudado.” 

Nesse fim-de-semana estava em campanha no Wisconsin, e logo que soube que Herman estava na contenda ordenou a mudança do canal de televisão para a NBC, que transmitia o torneio. Herman venceu no Golf Club of Houston, em Humble, no Texas, deixando nas posições imediatas dois top-10’s mundiais, Henrik Stenson e Dustin Johnson, o que lhe deu “bilhete” para o Masters de Augusta National da semana seguinte. 

“Aquele tipos não eram propriamente fáceis, pelo que foi óptimo vê-lo a caminhar pelo pelo último fairway ”, comentou Trump na ocasião. “Aquele último drive, aqueles últimos três shots, não eram dois putts fáceis, era de cima de uma ladeira e a cerca de seis metros Mas ele portou-se muito bem. Não estou surpreendido.” 

Natural de Cincinnati, Ohio, Jim Herman fez o curso superior na Universidade do Cincinnati e tornou-se profissional de golfe em 2000, mas debateu-se com dificuldades para singrar nos mini-tours na Florida. Precisando de uma remuneração regular, em 2004 tornou-se assistente de profissional no PGA Village em Port St. Lucie, Florida. Fazia a caixa da loja, vendia tacos e roupas e dava lições. 

Em 2006, um dos seus colegas de quarto na universidade trocou o trabalho como assistente do head pro do Trump National Bedminster, em Nova Jérsia, por um cargo na Titleist, e falou de Herman ao head pro, Mike Gallacher, que já tinha jogado com ele. Gallacher telefonou-lhe para o sondar sobre o seu interesse em mudar-se para Nova Jérsia.  

O convite foi aceite e não tardou que Herman, já no seu novo “escritório”, recebesse uma chamada a dizer que o Donald Trump estava a chegar e que o queria no foursome.

“Não sei o que é; quando jogo com ele, normalmente jogo bastante bem.”, brincou Herman por suas vez. “Mas sim, ele tem sido um grande apoiante meu. Ajudou-me financeiramente nos primeiros anos e um pouco em termos de confiança.” 

Trump disse que detectar aquele tipo de talento não foi nenhuma dor de cabeça, tal era a distância a que Herman batia os seus tee shots. “Jogo com muita gente. Muitos deles pensam que vão ser profissionais, mas nós sabemos que nem sempre é esse o caso. Quando jogávamos ele fazia voltas muito baixas… eu perguntava-lhe no fim: “Onde é que vais agora?”  Ele: “Vou dar uma lição.” Ao que eu contrapunha: “Tens de tentar [a competição]. Tens uma grande probabilidade de ser qualquer coisa de especial.” 

Trump assegurou o dinheiro para que o seu profissional de golfe, então com 28 anos, tentasse a sua sorte no Web. Com Tour, que está para o PGA Tour como Challenge Tour está para o European Tour. Herman conseguiu o acesso ao Web.com Tour 2008, através da Escola de Qualificação, jogou ali 113 torneios e ao 114.º conseguiu finalmente vencer, o que lhe valeu a promoção ao PGA Tour em 2011, onde compete desde então, com ganhos monetários em prémios que ultrapassam os 5 milhões de dólares. 

A vitória em Houston valeu-lhe a entrada no SBS Tournament of Champions que terminou no último fim-de-semana, reservado aos vencedores dos torneios do PGA Tour ano anterior. Herman já jogara uma vez no The Plantation Course, durante a sua lua de mel com Carolyn (de quem tem dois filhos) pelas ilhas do Havai, calçando ténis e com tacos alugados.

Eram apenas 32 jogadores, o prize-money enorme – 6 milhões de dólares. Jim Herman chegou a co-liderar com Ryan Moore após uma volta inaugural no par-73 do The Plantation, e viria a acabar empatado com o n.º 1 mundial Jason Day no 12.º lugar, ambos com 13 abaixo do par, a 9 pancadas do vencedor – Justin Thomas. 

Desde os primórdios de 2006, Herman tornou-se no parceiro regular de Trump. A última vez que jogaram juntos foi antes do Natal. “È a mesma pessoa para mim. Só que agora trato-o por Sr. Presidente.”