
Pedro Nunes Pedro, presidente da FPG, explica protocolo com PGA de Portugal
Em 2025 há uma grande novidade que é a criação de um circuito profissional português gerido em parceria pela Federação Portuguesa de Golfe (FPG) e a PGA de Portugal, como GolfTattoo noticiou com todos os detalhes no passado dia 31 de março.
O 1.º Torneio é já entre esta quinta-feira e sábado, em três voltas no Montebelo Golfe, Viseu.
Entre 1990 e 2021 houve um PGA Portugal Tour, da responsabilidade da PGA de Portugal, e de 2022 a 2024 a FPG tomou conta das competições de profissionais.
Agora, é uma comissão conjunta que assume essa responsabilidade e GolfTattoo foi conversar com vários decisores deste processo.
Começamos, naturalmente, com Pedro Nunes Pedro, o presidente da FPG, mas seguir-se-ão entrevistas (já efetuadas) com Rui Morris, presidente da PGA de Portugal, Afonso Girão, o selecionador nacional, e ainda uma coletânea final de declarações de alguns jogadores amadores e profissionais sobre este novo circuito.
Pedro Nunes Pedro com Tomás Melo Gouveia, Rui Morris e Miguel Gaspar, por ocasião da assinatura do protocolo © FPG
GOLFTATTOO – Quando começou a pensar nesta novidade, de haver de novo um circuito de profissionais gerido em conjunto?
PEDRO NUNES PEDRO – Foi uma ideia que começou a fazer algum sentido a partir do ano passado. Mesmo no nosso projeto de candidatura. Fazia algum sentido ter, não os melhores profissionais a jogarem com os amadores, mas os melhores amadores a jogarem com os profissionais.
Portanto, a ideia foi criar um circuito mais robusto em termos de competitividade. Termos os melhores jogadores nacionais, os 10 ou os 15 melhores amadores, a competirem com os 30 ou 40 melhores profissionais. A ideia é os amadores terem uma experiência muito positiva e muito próxima da realidade para aqueles que ambicionam, depois, irem para os circuitos principais e começarem a jogar nos circuitos profissionais internacionais.
GT – Quais foram os prós e contras que encontrou na solução antiga (a PGA de Portugal gerir tudo ou a FPG gerir tudo) e na solução atual (uma gestão conjunta)?
PNP – Acho que a solução antiga foi benéfica numa determinada altura, mas nesta altura achámos que era um caminho que tínhamos de percorrer, ou seja, solidificar o circuito profissional, tendo um organismo que será a Comissão de Gestão Profissional que irá gerir este circuito. Uma comissão composta por três jogadores, três elementos da FPG e dois elementos da PGA de Portugal…
GT – O Miguel Gaspar, que foi vice-presidente da PGA de Portugal e agora está na FPG, na direção, e tem o pelouro do alto rendimento, seguramente estará nessa comissão.
PNP – Estará seguramente lá. A comissão irá gerir o calendário, o orçamento, gerir o dia a dia, e também até um bocadinho a parte dos convites para os jogadores lá fora. Uma entidade que vai regular este circuito. O que é que queremos dar aqui? Continuidade. Há pouco, falava nisso com o Tomás Melo Gouveia [jogador português do HotelPlanner Tour], queremos dar uma continuidade aos nossos melhores jogadores (amadores). É importante eles saberem que, quando estão a atingir um certo nível e querem passar a profissionais, têm mais um patamar, mais um passo, que podem dar aqui, em Portugal, com um circuito robusto, com um circuito com cinco provas, mais o Campeonato Nacional de Profissionais. E (eventualmente) mais algumas provas que a PGA de Portugal com certeza arranjará, como Pro-Am’s ou outros torneios mais pequenos.
Mas têm aqui um calendário bastante atrativo, porque eles precisam de competir e depois, lá fora, terão outro tipo de competição.
GT – Falou com alguns jogadores e jogadoras, profissionais e amadores, para saber o que achavam desta fórmula?
PNP – Falámos muito, quer eu, quer o Miguel Gaspar. Ele esteve sempre presente neste processo, porque é o responsável pelo alto rendimento, seleções nacionais e circuito profissional. É uma pessoa que liga tudo o que é o fim da carreira de um amador, até ao início da carreira de profissional. Muito do que se falou foi disso, de mais competição, mas melhor competição.
Os nossos melhores jogadores amadores têm de sentir que os nossos 10 ou 15 melhores profissionais são já jogadores de alto nível. Jogam no DP World Tour, como é o caso do Ricardo Melo Gouveia; temos dois jogadores (a tempo inteiro) no Challenge Tour (HotelPlanner Tour); temos vários jogadores nos circuitos satélites (Alps Tour e Pro Golf Tour).
Ainda esta semana vimos um torneio no Egito em que o cut foi de 6 abaixo do Par. Os nossos melhores jogadores têm de sentir que, com 6 abaixo em duas voltas, podem não fazer o cut num torneio. Ao nível a que está o golfe internacional, os nossos jogadores têm de sentir isto, também em termos nacionais.
O que percebi foi que os profissionais já tinham um nível muito elevado e tinham de ir jogar torneios da FPG com alguns amadores que tinham handicaps (elevados), o que não fazia sentido para eles. Agora, a competitividade aumenta, no sentido em que reduz-se o número de atletas de elite que jogam este circuito.
Teremos ali um lote de 45, 50 jogadores e adivinho que os resultados serão mais baixos, porque estarão num nível muito competitivo, forte. A preparação (para esses eventos) também será uma experiência.
Há muitos anos, havia fenómeno que era um fosso entre a carreira de amador e a carreira de profissional. Isso não pode ser. Tem de haver uma continuidade. Eles quase que nos últimos dois anos de amador têm já que sentir o que é a vida profissional. É muito dura, é muito competitiva e não há muitos torneios. Vão perceber que têm que estar, às vezes, muito tempo parados e estarem prontos para jogar em circuitos satélites, prontos para pegarem na mala e irem daqui para a Irlanda, Noruega, Finlândia, Dubai, seja onde for, para jogarem um torneio.
GT – Falou com a equipa técnica da FPG sobre o que achavam sobre o assunto? O que lhe disse o Afonso Girão?
PNP – Obviamente, falámos muito com ele. Ele precisa que os jogadores da seleção estejam também presentes nos melhores torneios. Também é difícil hoje, e parece incrível dizer isto, mas também é difícil jogar torneios de amadores, porque o ranking mundial não permite entradas diretas em muitos torneios aos nossos melhores jogadores. Só para dar um exemplo, o primeiro torneio deste circuito profissional será em abril, em Viseu. Ora os nossos melhores jogadores amadores não entraram em Itália e vão jogar em Viseu, porque, assim de repente, têm uma semana de competição que conseguimos colmatar no calendário que tínhamos previsto.
GT – Desde os tempos do Sebastião Gil como selecionador que não há grandes delegações da seleção nacional de amadores a irem jogar os torneios da PGA Portugal. O Sebastião levava cerca de 10, 12 jogadores a cada torneio. No tempo do Nuno Campino como selecionador já eram bem menos a ir a esses torneios. E depois, talvez por uma questão política da Direção da FPG, não sei, mas os jogadores amadores não eram muito incentivados a participar nos torneios da PGA de Portugal e poucos participavam. Parece-me que neste circuito vai haver uma alteração, não é?
PNP – Nós quisemos já mudar este ano. Colocámos o Afonso Girão na preparação do calendário desportivo deste ano, que já estava um bocadinho alinhavado, e nós só mexemos ali em duas ou três coisas.
Introduzimos logo o PT Tour do José Correia, no Algarve, no início da época. Fizemos logo três torneios com os nossos melhores amadores. Serviu para preparar para os Campeonatos Internacionais Amadores de Portugal e Espanha.
Começámos logo aí e agora queremos continuar, quer com o circuito profissional português, quer com o Campeonato Nacional de Profissionais, com o Challenge Tour. Se conseguirmos cartões, se tivermos um bom jogador amador a um nível já muito elevado, muito próximo ao estado do profissionalismo – como foi o caso do Daniel da Costa Rodrigues no ano passado –, vamos querer que jogue torneios do Challenge Tour.
Este ano vamos atribuir 50 cartões para o Challenge Tour. Neste momento, 35 já foram atribuídos. Os cartões irão para os melhores jogadores.
GT – Estamos a falar de jogadores e jogadoras, não é?
PNP – Jogadores e jogadoras, claro. Infelizmente, neste momento, não temos muitas. Hoje vou anunciar na Assembleia Geral da FPG que vamos ter a Sofia Barroso Sá a jogar um torneio do Ladies European Tour Access Series, depois de termos conseguido um cartão para a Inês Belchior, que já foi jogar o Open Marrocos do Ladies European Tour.