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André Serra Carvalho na senda de Ian Poulter
26/11/2014 11:02 Rodrigo Cordoeiro
André Serra Carvalho aposta numa carreira de jogador profissional de golfe / © FILIPE GUERRA

Espera mostrar valor na condição de profissional depois de carreira amadora discreta

Não restam dúvidas de que o golfe profissional português anda a conquistar valor. Lembramo-nos de Pedro Figueiredo, Gonçalo Pinto, Miguel Gaspar, Ricardo Melo Gouveia e João Carlota, que têm vindo a juntar-se às fileiras da PGA Portugal desde o Verão de 2013. Mas estes são jogadores que deram provas enquanto amadores e que representaram as selecções nacionais inúmeras vezes. O que dizer, pois então, da recente passagem de André Serra Carvalho a profissional, ele que teve uma carreira golfística discreta até aos seus actuais 23 anos? 

Tendo representado, desde os 14 anos, o Belas Clube de Campo, Serra Carvalho tem como ponto alto no seu currículo as meias-finais da última Taça da Federação Portuguesa de Golfe, no Montado, em Setembro. Também contribuiu para que Belas fosse finalista, em 2012, no Campeonato Nacional de Clubes, no Oceânico Faldo Course do Amendoeira Resort. No último Campeonato Nacional Absoluto Peugeot, em Abril, na Quinta do Peru, foi 14º classificado, com 16 acima do par no agregado. Mas terminou a época na 6ª posição do Ranking Nacional BPI, o que quer dizer que, em teoria, foi o sexto melhor amador de 2014.

“Era um sonho, um objectivo, tornar-me profissional”, justifica. “Estava chegada a altura de o fazer, por dois motivos: já estava saturado de ser amador, já não podia fazer muito mais, a única coisa que me faltou foi jogar pela selecção, mas isso são coisas que não consigo controlar e não vale a pena chatear-me por causa disso. Então passei a profissional e vou tentar ser como o Ian Poulter, que nunca foi grande jogador como amador e que, como profissional, é o jogador que todos conhecemos.”

O golfista reparte o seu tempo de treino entre Belas e o Jamor / © FILIPE GUERRA

Natural de Arruda dos Vinhos (distrito de Lisboa), onde reside, Serra Carvalho tem o curso de gestão tirado no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa e acabou agora os exames do curso de treinador de golfe, nível 1, mas o seu objectivo é mesmo a competição. “Quero é jogar, não é dar aulas, não é ser director de um campo, mas só o tempo o dirá. O que posso fazer é trabalhar e recolher os frutos do meu trabalho. Este ano vou jogar mais a Carvoeiro Cup e depois entro na pré-época: alterações no meu jogo, apostar mais na parte física para ganhar mais distância e controlo.” 

Apoios, por enquanto, nenhuns, o que pode ser um problema. “Como amador nunca fiz grande coisa, e penso que pedir apoios com este palmarés não é propriamente o indicado, primeiro tenho de ter resultados como profissional. Para o ano que vem tenho os torneios da PGA Portugal e talvez vá a Inglaterra jogar a Escola de Qualificação do Euro Pro Tour e, mais tarde, em Setembro, a Escola do European Tour. Depende dos custos, se há patrocínios ou não, porque começar a vida de profissional assim é um bocado dispendioso.” 

Para já tem todas as condições de treino tanto em Belas como no Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor, neste último caso com cortesia da Federação Portuguesa de Golfe, o que fez questão de agradecer durante a conversa com GOLFTATTOO no Jamor. “O meu treino em Belas, muitas vezes com o Miguel Gaspar [também jogador profissional de golfe] e o Gustavo Takata, é mais direcionado ao jogo, aqui no Jamor estou mais focado.” 

Profissional desde 3 de Novembro (quando era 1 de handicap), Serra Carvalho já jogou dois torneios nessa condição, ambos do Algarve Pro Golf Tour, circuito organizado pela PGA Portugal com parceria do Jamega Tour. No Álamos Classic, no par-71 do Álamos, fez voltas de 72-71 para terminar em 16º, a 10 shots do vencedor – David Nixon. No Palmares Classic, 74-75 e o 24º posto, com 5 acima do par-72, a 13 shots do campeão – Harry Casey.

André acredita que com trabalho pode ganhar notoriedade / © FILIPE GUERRA 

O primeiro contacto de Serra Carvalho com o golfe foi numas férias de família na praia da Consolação, em Peniche, com 7 ou 8 anos de idade. “Há lá um campo que é o Botado, na altura havia lá umas aulas de golfe e o meu pai queria experimentar. Pedi-lhe para ir com ele e deste então é o meu vício. Estive golfe da Bela Vista, em Lisboa, depois em Rio Maior, no Golden Eagle, e a partir dos 14 anos passei a representar Belas.” 

Serra Carvalho tem como treinador, desde há ano e meio, Luís Barroso, um dos três profissionais da Escola Nacional de Golfe da FPG, a par de Nuno Campino e Tiago Osório, mas foi com Keith Barret que teve as suas primeiras aulas. “Foi ele que me desafiou a ir para Belas”, conta. “Com o Keith aprendi bastante, nunca tinha visto o meu swing até ter aulas com ele, e quando vi assustei-me um pouco. O próprio Keith se mostrou surpreendido pela evolução do meu swing, e já reconheceu que na altura achava impossível eu poder chegar a profissional.” 

Ian Poulter será, portanto, a grande referência de Serra Carvalho no golfe…? De certo modo, sim”, responde. “Ian Poulter vinha de uma família mais modesta, nunca representou a Inglaterra, nunca foi muito bom jogador e passou a profissional com 4 de handicap. Trabalhou e trabalhou até ser um dos melhores do mundo e um dos mais temíveis na Ryder Cup. No entanto, não posso dizer que tenha só um ídolo. Gostava de ter o jogo curto do Mickelson, de bater na bola como o Rory, gostava de patar com como o Stricker ou como o Tiger Woods nos seus tempos áureos.”