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“É um novo ciclo no golfe profissional português”
24/04/2025 11:01 Hugo Ribeiro
Rui Morris (à esquerda) com Pedro Nunes Pedro (FPG) na assinatura do protocolo © FPG

Rui Morris, presidente da PGA de Portugal, em entrevista no arranque do novo circuito nacional de profissionais

Em 2025 há uma grande novidade que é a criação de um circuito profissional português gerido em parceria pela Federação Portuguesa de Golfe (FPG) e a PGA de Portugal, como Golftattoo noticiou com todos os detalhes no passado dia 31 de março. 

O primeiro torneio decorre entre hoje e sábado – é o Montebelo Hotels & Resorts Golfe Classic. 

Entre 1990 e 2021 houve um PGA Portugal Tour, da responsabilidade da PGA de Portugal, e de 2022 a 2024 a FPG tomou conta das competições de profissionais. 

Agora, é uma comissão conjunta que assume essa responsabilidade e Golftattoo foi conversar com vários decisores deste processo. 

Começámos, naturalmente, com Pedro Nunes Pedro, o presidente da FPG, mas prosseguimos hoje com Rui Morris, presidente da PGA de Portugal. Seguir-se-ão entrevistas (já efetuadas) com Afonso Girão, o selecionador nacional, e ainda uma coletânea final de declarações de alguns jogadores amadores e profissionais sobre este novo circuito. 

GOLFTATTOO – Há quanto tempo começou a envolver-se neste processo?

RUI MORRIS – É uma ambição antiga da PGA Portugal. Há alguns anos que achávamos que o caminho teria de ser por aqui. Por isso mesmo foi um dia muito especial para nós  [o da assinatura da parceria], até porque acalenta-nos uma esperança de que poderá estar a dar-se o início a um novo ciclo no golfe profissional.

Isso deve-se à visão estratégica do Pedro Nunes Pedro, o presidente da Federação Portuguesa de Golfe, e também da sua Direção. Deve-se à vontade e à coragem que tiveram para reconhecerem e assumirem que o caminho, para conseguirmos atingir os nossos objetivos, deve ser feito em conjunto.

GT -- O que se falava nos bastidores, inicialmente, era que o Campeonato Nacional de Profissionais iria continuar a ser agregado ao Nacional Absoluto de Amadores, isso acabou por não acontecer, como é que se operou essa alteração?

RM – Exatamente porque percebemos que, para conseguirmos ter um Campeonato Nacional de Profissionais com os melhores jogadores portugueses, teríamos que agilizar o nosso calendário com o dos jogadores que estão a competir nos principais circuitos profissionais. O mesmo não acontece com os restantes jogadores, os amadores. Portanto, este ano, o calendário profissional e o calendário amador seguem caminhos diferentes no Campeonato Nacional.

Percebemos que o melhor seria organizar um Campeonato Nacional de Profissionais e será com muito gosto que, este ano, voltaremos a ter este torneio, a realizar-se em Troia, e espero que seja um grande torneio.

GT – O anúncio feito fala em 70 mil euros para 5 torneios, mais o Campeonato Nacional, é isso?

Exatamente, 75 mil euros. A parte da FPG neste protocolo é de 70 mil euros, mas nós também iremos tentar dotar o circuito de mais prize-money. O grande objetivo e a boa nova é que teremos cinco torneios, mais um Campeonato Nacional, com um valor agregado de 75 mil euros, algo muito positivo para o panorama profissional em Portugal.

GT – O Campeonato Nacional mantém-se com os 20 mil euros de prize-money?

RM – À partida manteremos os 20 mil euros. Claro que, agora, iremos começar a trabalhar com a FPG, como temos vindo a fazer nos últimos tempos, para vermos como é que poderemos reforçar o mesmo e se isso será possível.

GT – A FPG, quando incluía os profissionais no Circuito Aquapor, distribuía um prémio monetário de 7.500 euros por cada torneio, mas a PGA de Portugal preferiu sempre torneios de 10 mil euros. Como irá ser neste novo circuito profissional português?

RM – Todos os torneios terão um prize-money mínimo garantido de 10 mil euros. Iremos manter a esperança de que essa seja uma nova realidade no panorama nacional, a de ter sempre um prize-money mínimo de 10 mil euros. É algo em que temos sempre trabalhado.

Agora, é óbvio que a PGA Portugal irá também ter que fazer mais valias e arranjar patrocinadores. Já contamos com alguns, o primeiro é a Solverde, que voltará a estar mais um ano com a PGA Portugal e a FPG. Teremos de continuar a fazer este caminho de fortalecer o circuito profissional português.

GT – Posso estar enganado, mas julgo que os 70 mil euros da FPG é capaz de ser o maior patrocínio de uma única entidade que a PGA de Portugal tem desde os tempos da Mota Engil, entre 2001 e 2008. Não creio que tenha havido outro superior a este valor.

RM – Esta parceria é um reconhecimento de que teremos de trabalhar em conjunto e só faz sentido trabalharmos em conjunto para conseguirmos atingir os nossos objetivos. Vamos agregar esforços. De facto, este valor de 70 mil euros é algo de notável, mas espero que no futuro consigamos crescer cada vez mais e sempre em parceria, sempre em conjunto com a FPG.

GT – Por falar em trabalho conjunto, no passado, a FPG e a PGA de Portugal uniram-se para levar a cabo a Taça Manuel Agrellos (o confronto entre as seleções de amadores e de profissionais, uma Ryder Cup à portuguesa). Tinha-se dito no ano passado que estava na forja a possibilidade de a Taça Manuel Agrellos voltar ao calendário, mas acabou por ficar de fora.

RM – É algo que, neste momento, ainda vamos ver, porque, neste momento, o calendário dos atletas profissionais está bastante extenso. Portanto, também teremos de ter atenção a esse facto.

GT – Falando dos jogadores, já conversou com alguns profissionais portugueses, sobretudo aqueles que competem a sério? E qual tem sido a reação deles?

RM – Uma reação muito positiva. Aliás, hoje, uma das mensagens mais insistentes que recebemos foi essa gratidão por parte dos atletas profissionais portugueses. E não só dos atletas, mas de todos os profissionais portugueses, gratidão sobretudo para com a FPG.

Na cerimónia do protocolo contámos com o Tomás Melo Gouveia, que neste momento é um dos nossos grandes jogadores e está num momento de forma fantástico. E certamente que iremos contar com as grandes referências do panorama nacional em todos os torneios que iremos realizar.

GT – Em termos pessoais, é algo que seguramente marca o seu mandato como presidente da PGA de Portugal.

RM – Sim, sinto orgulho, mas é claro que não conseguiria fazer isto sozinho. Deve-se muito à vontade e à coragem do presidente da FPG e da sua Direção. Para fazermos as coisas acontecerem é preciso reunir estas duas características muito importantes: a vontade e a coragem.

Agora, é um motivo de orgulho, no meu mandato, poder ter este momento. E também não conseguiria sem os grandes colegas que me acompanham na direção da PGA Portugal.