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Sangria de golfistas na Europa em 2014
25/01/2015 16:25 Valdemar Afonso
Campos de golfe em perda acentuada de jogadores / © GETTY IMAGES

Mais de 100 mil pessoas deixaram oficialmente de praticar golfe nos 44 países membros da EGA

Nos últimos três anos a Europa “perdeu” muitos campos de golfe e só em 2014 mais de cem mil pessoas deixaram oficialmente de praticar golfe, sendo a Alemanha e a Rússia dos poucos países onde a modalidade cresceu, em campos e praticantes.

A quebra na indústria do golfe, em campos e praticantes, poderá estar associada à crise económica que flagela a Europa, embora alguns especialistas apontem outros factores como o tempo médio em campo para jogar 18 buracos (4-5 horas), considerado excessivo para muitos. Curiosamente as quebras mais significativas, em campos e número de praticantes, registam-se na Grã-Bretanha e Irlanda, países onde o golfe tem ligações muito antigas.

A Associação Europeia de Golfe (EGA), com 44 países membros, tem registados até final do ano passado na Europa 7.020 campos de golfe, com um acréscimo de 176 campos em relação ao ano anterior, a maioria de 9 buracos. Curiosamente na maioria dos países onde abriram mais campos de golfe diminuiu o número de praticantes.

Entre os que aumentaram os campos contam-se a Holanda (mais 27 em 2014 ficando com 256, mas perdeu cerca de mil jogadores, ficando com 389.515), França (mais 8 campos, para 591, mas perdeu 8.500 jogadores para o total actual de 414.249), Eslováquia e Bélgica (mais 4), etc..

Até final do ano passado a Europa tinha 4.261.199 jogadores de golfe inscritos nas respectivas federações nacionais, menos 102.653 jogadores em relação a 2013. É o total de praticantes mais baixo na Europa, desde 2006.

Nas estatísticas oficiais da European Golf Association a Inglaterra perdeu 71.632 praticantes (750.004 em 2013 e 678.372 em Dezembro de 2014) e conta actualmente com 1.849 campos de golfe, menos 18 do que em 2013. Desde 2013 a England Golf perdeu 71.632 homens, 8.199 senhoras e 6.578 juniores.

Em 2014 Portugal teve mais dois campos (de 87 para 89, Jamor e Oeiras) e em Dezembro último tinha 13.825 jogadores registados, perdendo 373 praticantes em relação a 2013 – 231 homens, 139 juniores e três senhoras. Sabe-se que há muitos mais praticantes a nível nacional, mas não pagam a licença federativa e como tal não entram nas estatísticas e não podem disputar torneios homologados pela federação.

O número mais alto de inscritos na federação foi em 2005 com 17.642 jogadores. Mas dois anos depois baixou para 13.835, voltando a subir depois ligeiramente e fixando-se em 2014 nos 13.825 federados.

A vizinha Espanha abriu em 2014 mais seis campos de golfe mas perdeu 18.800 praticantes (de 313.787 passou para 294.987). Em 2010 atingira o recorde de 338.160 praticantes.

A Escócia, considerada como a “Pátria do Golfe”, perdeu entre 2013 e final de 2014 nove campos de golfe (passou de 560 para 551 campos) e perdeu 16.405 jogadores (de 226.217 para 209.812). Recorde-se que em 2003 a Escócia atingiu o máximo de 266.100 praticantes inscritos.

A Irlanda, também considerado um destino de golfe de qualidade que recebeu já a Ryder Cup e outros torneios de prestígio, registou igualmente elevadas perdas até final de 2014. Quatro campos fecharam (de 416 para 412) e 8.580 jogadores (são agora 199.550) interromperam a prática de golfe. Em 2008 a Irlanda registou o recorde de 289.120 jogadores inscritos.

O País de Gales, também anfitrião da Ryder Cup, não registou alterações em 2014, com 153 campos e 51.445 jogadores, mas em 2013 perdeu quatro campos e 3.634 jogadores em relação a 2012. No ano 2000 Gales tinha 159 campos e 74.829 jogadores registados.

A Rússia registou crescimento em todas as áreas do golfe. Em 2014 abriu mais seis campos de golfe e aumentou em 23 o número de praticantes (tem agora 1.181). Em 1993 tinha dois campos e cem jogadores.

A Dinamarca, que tem metade da área de Portugal, metade da densidade populacional e onde se pode jogar golfe durante três ou quatro meses por ano, conta com 188 campos. No ano passado perdeu 2.273 jogadores (tem agora 150.699).

Outro país da região norte da Europa, a Noruega (5,6 milhões de habitantes) perdeu dois campos de golfe (tem agora 175) e perdeu também 6.809 jogadores (de 110.362 para 103.553). Em 2004 atingiu o máximo de 125 mil praticantes.

Curiosamente a Suécia aumentou significativamente o número de campos para 576 mas perdeu 8.679 jogadores (tem agora 473.797). Em 2004 atingiu o máximo de 593.873 jogadores.

A República Checa é o país do antigo bloco de leste que mais cresceu no golfe nos últimos anos. Em 2000 tinha 19 campos e sete mil praticantes. Conta agora com 98 campos de golfe e cerca de 60 mil praticantes, tendo registado mais campos (dois) e mais jogadores (498) em 2014.

A Alemanha, uma das potências da Europa, está a registar aumentos todos os anos, tendo atingido o recorde em 2014 com mais cinco campos e mais 2.638 jogadores (tem agora 637.735 jogadores).

A Túrquia é um destino do turismo golfe concorrente de Portugal e onde a maioria dos seus campos estão integrados em resorts turísticos de luxo. Tem agora 17 campos (menos dois do que em 2013) e 6.598 jogadores.

A Itália inaugurou mais dois campos no ano passado mas sofreu uma quebra de 5.695 jogadores. Em 2012 tinha 101.817 praticantes.

A Islândia tem cerca de 400 mil habitantes, está numa zona fria mas tem mais praticantes do que Portugal (16.602) para 65 campos de golfe. Em 2014 teve apenas 39 “baixas” entre praticantes.

O destino golfe com menos alterações nos últimos anos é Israel. Continua com apenas dois campos mas em 2014 teve um aumento de praticantes, sobretudo entre os jovens, sendo agora de 1.092 jogadores.