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Aos 14 anos luta para ser a nº1 portuguesa
14/10/2014 14:40 Rodrigo Cordoeiro
Joana Silveira está a dar cartas no golfe nacional feminino / © FILIPE GUERRA

Joana Silveira, nova figura do golfe feminino, discute vitória no Ranking Nacional BPI 2014

A 28 de Setembro, Joana Silveira, do Club de Golf de Miramar, cometeu uma proeza enorme: tornou-se a primeira a ganhar um major do golfe nacional amador com apenas 14 anos desde que António Castelo venceu o Campeonato Nacional Amador em 1989 (então, também com 14 anos). Foi na Taça da Federação Portuguesa de Golfe, no campo do Montado Hotel & Golf Resort, perto de Setúbal, ao bater Rita Félix numa final de alto nível. 

Não contente com isto, a jovem de Miramar, que já neste Verão se sagrara campeã nacional no escalão de sub-14, venceu no primeiro domingo de Outubro o 5º Torneio do Circuito Liberty Seguros em Tróia. Ao vencer a Taça da FPG, subira ao 3º lugar no Ranking Nacional BPI de senhoras, e agora, com esta nova vitória em Tróia, ficou a apenas 7 pontos da nº1 da tabela, Susana Ribeiro, e a 2 pontos da nº2, Rita Félix. 

Joana Silveira no Campeonato Nacional de Clubes de Sub-14 / © Pedro Sá da Bandeira

Na Taça da FPG derrotou nas meias-finais e na final Susana Mendes Ribeiro e Rita Félix, as duas inquestionáveis melhores jogadoras portuguesas, que entre si venceram os últimos três Campeonatos Nacionais amadores e que são as duas primeiras do Ranking Nacional BPI. “Não estava nada à espera”, reconhece. “Todas jogámos muito bem, foram jogos renhidos, tive de me esforçar imenso. Mostrámos que as raparigas jogam bom golfe.” 

Até que ponto se jogou bom golfe na Taça? Bom, nas meias-finais, frente a Susana, Joana ganhava por 2 ao fim de 5 buracos, perdeu o 7 o 8, o 10 e o 11, mas recuperou com birdies nos 14 e 16 e 17, ficando a então a ganhar por 1 e selando a vitória com o empate no 18. “Foi uma boa meia-final porque eu joguei 2 abaixo do par e creio que ela também”, recorda Joana. 

Sendo Joana dez anos mais nova que Susana e esta a incontestada nº1 do Ranking Nacional BPI, seria natural que a bicampeã  nacional dispusesse de ascendente psicológico, mas aconteceu o contrário. “A pressão estava toda do lado dela – reconheceu Joana Silveira– e eu, em torneios mais importantes jogo melhor, porque sou um pouco ansiosa e essa ansiedade leva-me a jogar melhor.” 

Na final a 36 buracos, frente a Rita Félix, Joana dobrou os primeiros 18 buracos com uma vantagem de 3 buracos, e parecia ter a final controlada, mas uma grande reacção da adversária levou-a a empatar no buraco 22. Daí até ao final foi um festival de match play feminino, com a contenda a decidir-se apenas no buraco 40, o quarto do play-off

Incrível para uma menina que só começou a bater na bola em 2009 por brincadeira e que só em 2011 se iniciou a sério no golfe. Há três anos teve o seu primeiro handicap e agora está na luta para ser a melhor jogadora portuguesa em 2014. 

“Para os resultados que a Joana tem vindo a alcançar, não é muita surpresa o que ela está a fazer”, diz Nélson Ribeiro, treinador de Miramar, referindo-se ao triunfo da jogadora no Campeonato Nacional de Jovens no escalão de sub-14, no Campeonato Nacional de Clubes e ao segundo lugar no 4º Torneio do Circuito Liberty Seguros no Estoril, onde só perdeu no play-off para Lara Vieira. 

A jovem de Miramar venceu os dois últimos torneios do calendário federativo / © FILIPE GUERRA

“A Joana, apesar de ter só 14 anos, tem quase tanta experiência como as outras jogadoras, porque treina regularmente com elas e fala uma linguagem igual”, considera Nélson Ribeiro. “E o facto de ser companheira de clube de Susana Mendes Ribeiro e de Leonor Bessa, que são duas das melhores portuguesas, acaba por deixá-la mais à vontade.”

Nélson diz ainda que Joana é uma jogadora que, “apesar de sentir ansiedade e nervos, não exterioriza, o que deixa as adversárias sem perceber se ela está nervosa ou não.” 

Susana Mendes Ribeiro considera que Joana “joga muito bem”: “Ainda não é muito consistente, tanto faz 2 abaixo como 8 acima, mas acho que tem um futuro pela frente. E mete muitos putts. No nosso jogo das meias-finais da Taça, jogámos bem as duas, mas ela teve mais sucesso nos greens do que eu.” 

Rita Félix concorda: “É uma miúda com muito potencial. Contra mim, jogou de forma muito segura e ganhou-me nos greens.” 

Lara Vieira, antiga campeã nacional, derrotou Joana no primeiro buraco do play-off no 4º Torneio Liberty, e faz a sua avaliação: “A Joana é uma jogadora muito calma, às vezes até um bocadinho fechada. Não fala muito durante o jogo, mas bate bem na bola e ‘pata’ bem. Acho que se ela quiser e tiver capacidade de trabalho pode ir muito longe no golfe. Ainda por cima é muito boa aluna, uma miúda ajuizada e com muito talento.” 

“A minha ambição é evoluir cada vez mais, baixar o handicap e conciliar o golfe com a Escola. Gostava de seguir medicina e ao mesmo tempo conseguir jogar”, diz Joana, que frequenta o 9º ano de escolaridade no Colégio Alemão, no Porto. 

A época aproxima-se do fim e está tudo em aberto. O último torneio do calendário federativo é o 6º Torneio Liberty na Aroeira, a 1 e 2 de Novembro. As expectativas são altas. A vitória vale 200 pontos, o segundo lugar 110. Será que Joana vai voltar a impôr-se a Susana Mendes Ribeiro e Rita Félix?