AcyMailing Module

Posts
> Home / Posts
Preparar uma golf trip
Crónica

Se o golfe é um microcosmos, uma viagem de grupo eleva essa realidade ao cubo

Na esperança de que a última crónica tenha incentivado o leitor a reunir um grupo para começar a pesquisar voos, campos, pubs e B&Bs, aproveito para deixar algumas recomendações no sentido de assegurar a melhor golf trip possível. 

O sucesso de uma viagem de golfe depende, antes de mais, das pessoas que escolhemos para nos acompanhar. Não nos podemos esquecer que serão 24 sobre 24 horas juntos. Se o golfe é um microcosmos onde em 18 buracos se vê o melhor e o pior de uma pessoa, uma viagem eleva essa realidade ao cubo. Já pensou no que é passar meses a planear e antecipar uma expedição e quando chega ao destino apercebe-se de que deixou o swing em casa – nem todas as personalidades estão formatadas para responder com um sorriso às contrariedades, aproveitar as vistas e seguir em frente. 

O outro ponto crítico de sucesso é um programa bem organizado. Neste sentido tudo deve começar com uns bons seis meses de avanço para assegurar os melhores preços mas acima de tudo para garantir que consegue marcar saídas em todos os campos que pretende jogar. Escolha um destino tão exótico quanto o Havai, tão próximo quanto o sul de Espanha ou tão mítico quanto a Escócia – e mãos à obra. 

Depois de selecionar o destino, que está, naturalmente, ligado ao orçamento, estude voos, hotéis e contacte os campos. E caso vá de avião, não se esqueça de alugar um carro grande para caberem os sacos todos. É que estes ocupam sempre mais espaço do que estamos à espera. 

Após a pesquisa inicial surge uma decisão importante. Terá de optar entre um operador turístico especializado em golfe e uma organização do it yourself. O segundo permite mais flexibilidade e potencialmente preços mais baratos. O primeiro dá menos trabalho e assegura que se algo falhar tem alguém a quem pedir ajuda. Seja como for não avance para um operador turístico sem saber exatamente o que quer.

 Uma viagem de golfe tem várias idiossincrasias que indicam que um grupo pequeno é o ideal. Neste sentido, recomendaria um grupo entre os 3 e os 8 jogadores para facilitar a gestão com os campos e os hotéis. Se optar por um grupo maior, o melhor será apostar num programa totalmente fechado e gerido pelo tal operador turístico. O aluguer de uma carrinha com motorista pode também ser recomendável. 

Quando chegamos aos campos e se o dia não nos correr de feição, podemos sucumbir perante a veia competitiva e não aproveitar o momento. É por esta razão que, se pretendem competir, recomendo modalidades como skins ou Bingo, Bango, Bongo. Por outro lado, para facilitar o ritmo de jogo e manter a boa disposição há muitos grupos que, quando confrontados com campos complicados e roughs impiedosos, estabelecem a regra que todos os roughs são hazards estacados. Sendo assim o jogador tem direito a um drop (com penalidade) no local mais próximo do ponto de entrada. Afinal, o que interessa é que todos se divirtam. 

Nesta linha há ainda quem recomende reduzir os campos a metade para que possa jogar cada um duas vezes. Isto porque o primeiro contacto com certos campos, em particular com links, pode ser complicado. E o pior que pode acontecer é no regresso a casa não ser capaz de recordar os incríveis buracos que fez porque estava demasiado preocupado em evitar aqueles bunkers com paredes de 3 metros. 

Se o destino for o Reino Unido recomendo que vá preparado para frio, vento e chuva – mesmo no verão. Por razões óbvias um bom fato impermeável é crítico, mas deve também levar dois pares de sapatos e pelo menos três luvas. O tempo muda de um momento para o outro, por isso aposte em camadas de roupa que pode pôr e tirar rapidamente. E não se esqueça de meias, muitas meias, porque com um par de voltas por dia ao longo de uma semana o nosso melhor amigo são os nossos pés. No que diz respeito ao chapéu-de-chuva, as opiniões divergem. Há quem diga que é bom levar e há quem diga que com o vento o chapéu-de-chuva torna-se inviável pelo que mais vale poupar no peso. 

Aliás, se pretende usar o serviço de um caddie deixe toda a tralha supérflua em casa, porque as velhas raposas vão olhar para o seu grupo e os melhores escolherão os sacos mais leves. E já agora, quando o caddie apontar para um ponto no green vários metros ao lado da linha que tinha lido, acredite nele!

_________________________________________

*Gestor e sócio fundador do clube de golfe Tigres do Bosque

  • Comentários