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No campo de golfe, nunca chove
Crónica
23/02/2015 18:12 Salvador Costa Macedo

Durante a semana um sol lindo, mas chega sábado e o céu, claro, está carregado de nuvens

São 08h00 da manhã num sábado de Outubro, olho pela janela e o céu está carregado de nuvens que não enganam ninguém. Vai chover... e bem! 

Mas como é que pode? Isto é muito injusto, digo eu, enquanto penso que Deus não é, decididamente, jogador de golfe. Durante a semana fomos brindados com um sol lindo, temperaturas perfeitas e condições ideais “para a prática da modalidade”. Durante esses dias lindos, estava nas aulas, a alternar a minha concentração na matéria dada e nos meus desenhos duns jogadores a bater na bola (fazia sempre o mesmo desenho). Que chatice... Nunca mais é sábado! 

Tinha, não sei, 13 anos, mas a verdade é que isto durou mais de dez anos, seguramente. 

As sextas-feiras demoravam uma eternidade a passar, mas o jantar era o momento de viragem. Já sentia o cheiro da relva e falava sobre golfe, durante o jantar, com o meu irmão Luís (sempre o meu grande companheiro de golfe, embora nessa altura, ele estivesse mais preocupado em ir à procura de bolas) e com o meu pai Mário que, embora não me ganhe uma partida desde os meus 12 anos, é talvez o melhor exemplo, de como deve ser um verdadeiro golfista. Estes jantares passavam-se perante o total enfado dos meus outros irmãos e, claro, da minha Mãe. 

Mas chega então o sábado, e claro, chuva certa. Não me impede de olhar pela janela e tentar vislumbrar uma aberta, ou pelo menos, nuvens menos escuras. Já me contentava com isso. Antes de sair, a minha mãe pergunta se vamos jogar com este tempo horrível... mas já sabe a resposta. Era sempre a mesma. 

Lá fomos nós para a Carregueira, eu, o meu irmão e o meu pai e, quando chegámos, já lá estavam todos os nossos amigos. Todos com a esperança de ver uma aberta a surgir entre a escuridão... Prosseguimos. Eu fui jogar com o meu irmão (jogou 2 buracos e passou os outros à procura de bolas nas regueiras) e o Zé Maria. Jogámos 12 buracos debaixo de chuva. O meu pai também. 

Chegámos a casa, completamente ensopados e a deixar um rasto de água pelo chão. A minha mãe pergunta como é que conseguimos jogar com este tempo!! 

O meu pai não desarmou. “Lá choveu muito pouco, só mesmo no fim.”

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*Director de golfe do Quinta do Peru Golf & Country Club

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